16 de fevereiro de 2009

a cabeça do Sócrates ...ou de como adaptar um ego cabeçudo!

Teoria da Expansão Eterna ou Talvez Não
Há muito, muito tempo, há vários milhões de anos atrás, a cabeça do indígena vulgarmente denominado Sócrates, era uma pequena massa de volume aproximadamente igual a uma bola de berlinde, mas com uma massa gigantesca, comparável à do planeta Saturno, anéis incluídos, que orbitava ao redor de uma pequena estrela de um sistema estelar obscuro situado nas franjas da Via Láctea. Não se sabe muito bem porquê, mas este corpo de densidade incalculável atraiu um buraco negro provocando uma explosão de proporções cosmológicas. Isto fez com que a cabeça do indígena denominado Sócrates entrasse em expansão. Após três anos de profundas análises, cientistas russos concluíram no final de 2008 que esta expansão ainda estava a ocorrer e que, muito provavelmente, continuará a ocorrer eternamente. Dois cientistas do Burkina Faso acreditam que o processo de expansão atingiu o seu limite e um da Região Autónoma da Madeira acredita mesmo que ela entrou em recessão.

Teoria da Expansão e Retracção
A teoria da expansão e retracção diz que a cabeça do Sócrates era um minúsculo corpo compacto, mas muitíssimo denso. Este corpo foi encolhendo, encolhendo, ficando cada vez mais compacto, cada vez mais denso, até que, não sendo mais possível conter tanta massa num volume tão pequeno, explodiu e entrou em expansão. Ainda não se sabe se esta expansão será eterna ou se atingirá um volume tão grande que começará a perder força e iniciará um processo de retracção até se tornar de novo num pequeno corpo denso. Alguns cientistas argumentam que atingido este ponto, haverá uma nova explosão, reiniciando-se todo o processo e que isso se verificará indefinidamente. Há, no entanto, quem defenda que haverá perdas de massa/energia no processo de expansão e retracção pelo que o minúsculo ponto crítico inicial jamais voltará a ser atingido. Se assim for, o indivíduo Sócrates ficará preso algures num ponto intermédio e amorfo.

Teoria da Criação Divina

Esta teoria é baseada numa narrativa bíblica. Diz a bíblia, que estava deus todo entretido a moldar o barro sagrado do qual nasceria o homem, quando foi distraído por uma vaca que carregava uns doces de grama enquanto penetrava, cantarolando, pelo prado encantado. E, muito sem querer, colocou todo o barro sagrado que lhe restava na cabeça do Sócrates. Deus, na sua distracção divina, ao tentar levantar uma leve brisa que dissipasse o nevoeiro do prado encantado de modo a permitir uma melhor visão à perdida vaquinha, soprou no ser modelado, dando-lhe vida. Este ser passou a ser conhecido como Sócrates e, até hoje, a humanidade ainda não decifrou este enigma divino. Teria sido uma distracção propositada ou, pelo contrário, será mais um daqueles mistérios divinos para os quais não temos respostas?

Teoria do Buraco Negro
Segundo esta teoria, a cabeça do Sócrates ter-se-ia formado pela fusão de dois buracos negros. Duas enormes galáxias teriam colidido, e os respectivos buracos negros ter-se-iam fundido formando um corpo de densidade infinita e massa incalculável que, por um acaso do destino, acabou por vir a formar a cabeça do Sócrates. Não se sabe se estes buracos negros virão a separar-se novamente um dia, mas, caso isso ocorra, podemos ter a certeza de que deixará de existir vida na Terra após essa data fatal.

Teoria do Meteoro Gigante
Esta teoria diz que a cabeça do Sócrates é, na verdade, resultado da colisão entre um meteoro gigante e o planeta Júpiter. O impacto da colisão foi tão grande que expeliu um pedaço do planeta em direcção à Terra. Quando este novo meteoro chegou ao nosso planeta, uniu-se ao corpo de um recém-nascido, o Sócrates, e, em volta dele desenvolveu-se a cabeça do ser. A cabeça do Sócrates seria, então, um fragmento do planeta Júpiter revestido por uma película de pele, dando a impressão de ser uma cabeça humana. Esta teoria sofre de um pecado original, já que Júpiter, todos o sabem, é um planeta gasoso. Tem, no entanto, muitos seguidores.

Teoria da Experiência Genética
Segundo esta teoria, Sócrates, quando ainda era um feto, teria sido geneticamente manipulado para que cientistas do mundo inteiro pudessem estudar os efeitos da radiação no organismo dos seres vivos. A experiência teria fugido ao controle dos cientistas e o resultado foi o que existe hoje: uma cabeça colossal.

Teoria dos Gémeos Univitelinos
Esta teoria diz que o Sócrates é, na verdade, dois seres vivos. A mãe dele estava grávida de gémeos univitelinos e, no decorrer do desenvolvimento dos fetos, um deles foi-se associando à cabeça do outro. Isto teria provocado um aumento gigantesco no volume da cabeça do Sócrates. Caso esta teoria esteja correta, dentro da cabeça do Sócrates existirá um ser humano completo que se alimenta de neurónios e que estará condenado às trevas eternas. Esta teoria explica cabalmente certos comportamentos do indivíduo Sócrates.

Teoria do Tubo Invisível
Os defensores desta teoria afirmam que a cabeça do Sócrates se alimenta através de um tubo invisível que a liga ao umbigo. Os anéis de ligação das extremidades deste tudo terão sido encomendados em Inglaterra, o que, como se sabe, está muito ligada à síndrome de Alcochete. Dada a instabilidade associada a este tipo de ligações, a colossal cabeça poderá vir a transformar-se num melão de proporções gigantescas.

Teoria do Portal Dimensional
Segundo esta teoria, a cabeça do Sócrates não passa de um portal usado por seres extraterrestres para viajar através das dimensões do espaço. Este portal teria sido criado pelos seres da série de TV Stargate, conhecidos como Antigos. Nos primeiros tempos era usado somente para viagens interplanetárias. Com o aperfeiçoamento da tecnologia extra terrena (há quem defenda que estes aperfeiçoamentos foram roubados a um natural de Andrómeda), o portal terá sido alterado, podendo agora ser utilizado por até trinta e oito astronaves por segundo, com destinos para até sete dimensões diferentes. Se o número de astronaves for reduzido a três, haverá energia suficiente para que uma delas possa seguir para dois destinos simultâneos diferentes.

Teoria do Universo Interno
Esta teoria diz que, no interior da cabeça do Sócrates, existe um universo paralelo ao nosso com galáxias, estrelas e sistemas solares. Só não se sabe se haverá habitantes de possíveis planetas semelhantes à Terra que poderão existir nesta imensidão que é o interior da cabeça do Sócrates. Contudo, esta teoria não prevê o que acontecerá caso exista num destes planetas um outro ser de características similares ao indivíduo Sócrates. Irá a sua cabeça expandir eternamente, levando à destruição do Sócrates do universo exterior?

Teoria Deixem Jogar o Mantorras
Os defensores desta teoria argumentam que, dada a impossibilidade de jogar no Benfica, o Mantorras se transferiu para a cabeça do Sócrates, tendo lá estabelecido a sua base de treinos. Aos poucos, foi convidando a família e amigos angolanos, resultando no aumento da cabeça do Sócrates. O apelo efectuado na TV por Luis Filipe Vieira a pedir "deixem jogar o Mantorras" teria sido encomendado por Sócrates, bastante incomodado pelas festas constantes no interior da sua cabeça.

Ao longo dos tempos, muitas perguntas foram elaboradas sobre o tema. Juntamos aqui apenas algumas das colocadas com maior insistência, as quais foram submetidas à analise de grandes cientistas internacionais.

P: Como é possível carregar sobre um pequeno pescoço uma cabeça tão grande?
R: Suspeitamos que dentro desta colossal cabeça exista um misterioso anulador gravitacional que faz com que ela flutue sobre o pescoço. A impressão de que a cabeça é sustentada pelo pescoço é apenas uma ilusão de óptica.

P: Caso a Teoria do Universo Interno esteja correta, existiriam habitantes nesse universo?
R: Suspeitamos que não, mas se realmente houver seres vivos dentro da cabeça do Sócrates, eles estão condenados a viver do lado de dentro para todo o sempre, pois serão minúsculos, sendo-lhes impossível atravessar o crânio do Sócrates. Esta hipótese poderá ser contrariada caso se verifique haver nesse universo um ser semelhante ao Sócrates. Nesse caso, todas as possibilidades serão válidas.
Nota: Segundo estudos científicos recentes, o crânio do Sócrates deve ter entre 40 a 65 milímetros de espessura.

P: A Cabeça do Sócrates é um artefacto indígena?
R: Tudo indica que não. Testes de carbono 14 feitos na Covilhã para verificar a idade desta colossal aberração comprovaram que ela é bem mais antiga do que se imagina, Talvez o próprio Big Bang, a explosão que originou o universo, tenha sido uma consequência da criação deste corpo gigante.

P: O que acontecerá quando a Cabeça do Sócrates chegar ao seu tamanho máximo?
R: Existem várias hipóteses. Talvez ela diminua de tamanho (Teoria da Expansão e Retracção) ou então, talvez ela faça com que todo o universo deixe simplesmente de existir.

13 de fevereiro de 2009

o Maurício

O Maurício é um gajo porreiro. Um pouco ingénuo, mas porreiro. Às vezes dá-lhe assim a modos que uns "amokes", fica mais esperto, pensa. Mas é um gajo porreiro.
O Maurício gosta de brincar, gosta de pregar partidas, é uma espécie de palhaço residente cá do sítio. Pró Maurício a vida é uma festa. E é um gajo porreiro.

E grande. O Maurício é grande. Para apertar o nó da gravata sobe sempre a um banquinho e torce o pescoço para caber no espelho. Deve sentir vertigens, com o ar rarefeito lá de cima. Coitado! É mesmo grande, o Maurício. Há um ano, quando chegou a este lado do Atlântico, o Maurício é brasileiro, dava um passo em frente para apertar o cinto das calças. Agora dá um e meio. Diz que a culpa é dos pasteis de nata. Pode até ser, mas desconfio. Cá para mim é mais das feijoadas duplas, dos cozidos reforçados de enchidos e dos quatro papo-secos que enfia no bandulho a cada pequeno almoço. E não vou falar nas bolachas que anda constantemente a roer! As formigas fazem fila pró canto dele. É grande, portanto, o Maurício. E porreiro. O Maurício é um gajo porreiro!

A nossa sala de reuniões da cave é um tanto abafada, com uma mesa comprida rodeada de cadeiras de napa a toda a volta. O Maurício estava à cabeceira a apresentar já-não-sei-bem-o-quê. Uma teoria imbecil qualquer sobre as virtualidades da utilização do VB em detrimento do C++. Uma seca que se iria prolongar pela tarde fora. Metade da malta, se não dormia disfarçava mal e a outra metade distraía os olhos a contar as manchas do tecto. Só o Octávio parecia muito interessado. Mas o Octávio parecia sempre interessado. Eu ia preenchendo a folha à minha frente com uns rabiscos dignos de figurar numa rocha de Foz Côa enquanto não ouvia mesmo nada do que ele ia debitando.

Farto desta pasmaceira, tinha de fazer algo para a segunda parte. Aproveitei a hora de almoço e troquei os rissóis de camarão e as empadas de vitela do Chico Jaburdas por uma ida à farmácia em frente. Comprei uma seringa e injectei três copos de água bem cheios na cadeira do Maurício.

Após o repasto, com a pança bem aconchegada, a coisa começou a mudar. A habitual calma do Maurício foi-se alterando. Durante uma boa meia hora, não parava quieto, mexia-se, torcia o corpo. A cadeira parecia picar-lhe. Até que, levantando-se, passou a mão no rabo, mirou-a, espantou-se, olhou pró traseiro e disse prá malta:

"Puta vida, tenho a bunda molhada!".

11 de fevereiro de 2009

a tosga

Fiquei baralhado, não sei se a minha namorada me disse para beber uma e voltar às onze ou para beber onze e voltar à uma. Quando olhei pró relogio e não vi os ponteiros achei que era altura de regressar a casa.

Levei uns quinze minutos a entrar no carro, mais trinta, menos cinco. O raio da chave não entrava nem à força e havia algo estranho a intrigar-me. Ia jurar que o meu carro era preto, até me conseguia lembrar vagamente de ter escolhido esta cor porque ficava bem num anúncio da T3. Talvez fosse a fraca iluminação da rua que lhe dava um tom esverdeado. Mas devia estar enganado, a minha memória já não é o que era e às vezes prega-me algumas partidas. Um certo dia, no cinema, ia jurar que a fulana sentada três cadeiras à minha esquerda era uma antiga namorada e só descobri o erro quando o marido me mandou verificar se os protestos sobre o mau atendimento nas urgências hospitalares não seria um tanto exagerado.

Às tantas, não sei por que milagre, o carro emitiu um som, as luzes acenderam-se e um matulão deu-me um encontrão que quase me fez cair do alto dos meus tacões de centímetro e meio. Entrou no carro e abalou. Ora esta, pensei eu cá pra comigo, então este não era o meu carro? E lá dei mais umas voltas ao quarteirão, duas pela direita e uma pela esquerda. E não é que era mesmo preto? Bem que eu tinha razão!

Confesso que tive uma certa dificuldade com a marcha-atrás. Quem é que se ia lembrar que tinha de puxar o joystick pra cima e depois empurrar prá frente?

A meio do caminho fui mandado parar pela BT, mesmo à entrada da cidade. Eu não me sentia lá muito bem... A princípio nem percebi o que é que aqueles gajos vestidos de forma estranha queriam. Mandaram-me sair do carro e quase caí. Tropecei, bati com o queixo no canto da porta e vi um cometa a bater contra Júpiter. Juro! Era todo amarelo-alaranjado!

Mandaram-me soprar no balão. Eu não via balão nenhum, devia ser do escuro da noite. E se estavam à espera que um balão levantasse com o meu sopro não iriam longe. Desde que tivera tuberculose há sete anos atrás que os meus pulmões já não sopravam como antigamente.
Deram-me um tubozinho e disseram-me que aquilo era o balão. São muito estranhos, estes gajos, a chamar balão àquele tubozito. Lá agarrei naquilo. Tinha uma televisãozinha na ponta, não percebi para que seria. Apareciam lá uns números.

De repente um grande estrondo e um grande espalhafato. Um camião carregado de tijolos mandou a casa da esquina abaixo e espalhou os tijolos todos pela estrada.
Os polícias (os tais gajos vestidos de forma estranha eram polícias) correram em direcção ao acontecimento e mandaram-me embora.
Eu lá peguei no carro e fui pra casa todo contente.

No dia seguinte a minha namorada acordou-me e perguntou:
- Olha lá! O que é que faz um carro da Brigada de Trânsito na nossa garagem?!

9 de fevereiro de 2009

conselhos para a utilização de CD's

Os CD's devem ser limpos e lavados pelo menos uma vez por semana. As partículas microscópicas de poeira que se vão acumulando na sua superfície devem ser periodicamente removidas. Se tal não acontecer, o raio laser não consegue chegar à informação e é devolvido ao ponto de partida queimando a fonte emissora. Estão documentados vários casos de leitores que derreteram e se incendiaram devido ao sobreaquecimento provocado pelo bloqueio do raio.

Para uma boa limpeza, pode utilizar um bom detergente lava-loiça e esfregar os CD's com sabão Pedra-Pomes. Deve prestar especial atenção ao detergente. Nada de usar um daqueles baratos da loja dos chineses. É sempre preferível gastar mais uns euros e ficar precavido contra perdas de informação. Já imaginou que pode perder todas as fotos eróticas e os vídeos xungas que descarrega da Internet só porque resolveu poupar cinquenta cêntimos? É melhor não arriscar. E até os seus amigos irão notar que os pratos estarão mais limpos!
Caso se trate de um DVD, deverá substituir o detergente por um bom champô anti-caspa. Se não conseguir arranjar um, pode, mas só como último recurso, utilizar um champô de camomila para cabelos oleosos. Se o DVD for de dupla camada (Double-Layer), deverá utilizar um champô 2 em 1. Um indivíduo de Parvalhais da Serra lavou um DVD double-layer com uma espuma de banho barata e quando ligou o leitor ao televisor, o DVD apoderou-se da frequência da emissão televisiva, canalizando toda a informação directamente para a cabeça de leitura, o que provocou um conflito com o laser leitor levando à explosão do aparelho. Como estava na cozinha, sofreu somente uma pequena luxação no ombro esquerdo ao ser atingido pelo telecomando. O cão é que teve menos sorte e ficou pendurado por uma orelha, preso no trinco da janela do sétimo andar, mas com uma bela vista para o pinhal.

Tem de ter um especial cuidado ao manusear a pedra-pomes. NÃO faça movimentos verticais nem horizontais. A limpeza deve ser feita em círculos, partindo do centro e no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Isto é muito importante. Caso comece a partir da borda exterior, a informação irá ficar invertida e irá precisar de um espelho ao lado do ecrã para a poder ler correctamente.

Poderá, também, ter necessidade de utilizar um prego para limpar as estrias do CD, especialmente se ele estiver muito sujo. Para os DVD's deve prestar especial atenção ao tipo de prego. Terá de ser de aço, com um máximo de um milímetro de espessura. Tratando-se de um disco Blu-Ray, a coisa é mais complicada. Devido à alta densidade do armazenamento da informação, deverá utilizar uma agulha para fazer esta limpeza. A Sony colocou um mecanismo de controlo nestes discos, pelo que se o limpar com um prego em vez de uma agulha, o disco deixará de funcionar na PS3. E, caso seja de dupla camada, deixará mesmo de funcionar nos leitores da Samsung e nos da LG. Não há estatísticas disponíveis para as restantes marcas.

Ao contrário do que muitos utilizadores pensam, os CD's não podem ser copiados numa fotocopiadora. Se precisar de salvaguardar os seus dados, simplesmente insira dois (2) CD's na ranhura. Utilize um martelo de madeira se tiver dificuldade em introduzi-los. Assim, sempre que gravar um documento para o CD, os dados ficarão gravados em ambos.

Nunca deixe os CD's na drive quando terminar o seu dia de trabalho, pois os dados podem escorrer para fora e corromper os mecanismos internos. Os CD's devem ser sempre rebobinadas e guardadas num ambiente frio (aconselha-se a compra de uma arca congeladora).

Nunca insira um CD virada para baixo. Os dados podem cair da superfície do mesmo e encravar os intrincados mecanismos do leitor.

Não dobre os CD's, a não ser que estes não caibam na caixa de armazenamento. Mas nunca as dobre em três, pois isso resultaria na criação de um CD de tripla densidade... e toda a gente sabe que as drives de tripla densidade estão obsoletas...

Periodicamente deve pulverizar os CD's com spray insecticida para prevenir o aparecimento de bug's e vírus, embora para estes últimos se aconselhe uma solução de água, duas aspirinas e açúcar, deixando os CD's mergulhadas neste banho durante pelo menos 24 horas (em alternativa pode utilizar Aspergic, dispensando o açúcar).

Se o CD estiver cheio e precisar de mais espaço para guardar os seus dados, remova-o da drive e sacuda-o vigorosamente durante aproximadamente 3 minutos. Quando acabar, agite-o durante mais 2 minutos. Este procedimento irá compactar os dados (data compression) permitindo mais espaço para novos documentos. Não se esqueça de tapar a entrada da drive com fita adesiva para prevenir que os dados do seu PC saiam enquanto faz esta compressão.

Em caso de dúvida em relação a estes procedimentos escreva para a revista Maria a relatar os seus problemas.

6 de fevereiro de 2009

evolução

... há 45 mil milhões de anos era uma nuvem de poeira ...

... há 3 mil milhões surgiu a primeira bactéria ...

... depois veio a vida marinha ...

... os dinossauros, as aves, os mamíferos ...

... e, por fim, há um milhão de anos, o homem! ...

... agora, em 2009, estou cá eu ...

29 de janeiro de 2009

parabéns, menina!

Uma amiga que me é muito querida faz anos hoje. Bem, na verdade faz amanhã, mas, como ela diz, astrologicamente falando é hoje. Confesso que não percebi lá muito bem como é isto... Ao que parece, o Sol entra em conjunção com o Sol natal dela exactamente agora, às 21:28! (desta parte é que não percebi mesmo nada!)

PARABÉNS, menina!

ah, e não penses que escapas, quero uma fatia do bolo...

26 de janeiro de 2009

a vaquinha vermelha

Era uma vez uma vaquinha muito timidazinha que vivia com a mãezinha numa terrinha alentejana. Para seu grande desgosto, não tinha nome. A mãe já lhe havia explicado que Beja ficava muito longe e que em Barrancos não registavam nomes de vacas, visto estarem sempre ocupados com touradas e porcos pretos. E que o galo também não tinha nome e muito menos o burro, pelo que deixasse de se lamuriar. Mas, em compensação, tinha uma alcunha. Ela era a Vaquinha Vermelha. E ela nem era comunista nem nada, que o Alentejo já não é o que era e agora até já por lá haviam construído o Alqueva. É que ela corava com qualquer coisinha e desde que o Cavaco falou no Pulo do Lobo andavam sempre a acontecer coisinhas lá por aquelas bandas e ela ficava coradinha o tempo todo.

Um belo dia, a mãezinha (da vaquinha, a tal vermelhinha de tão coradinha) mandou-a levar um cestinho cheio de doces de grama à avozinha (da vaquinha, que a da mãezinha já havia morrido) que vivia sozinha do outro lado do monte e estava muito doentinha. A mãe tinha pensado enviar só meio cestinho, mas decidiu que ele iria cheio, pois já andava meio enjoada de tanto doce de grama e a vaquinha coradinha poderia querer comer um, ou até dois, pelo caminho, ou até dar à sua amiga cabrinha, também se nome, mas que não era coradinha, dado ser toda pretinha, somente com uma risca branca em diagonal por baixo do olho esquerdo e que, diziam, tal se devia ao facto de o velho bode seu pai ter sido apanhado de raspão por raio que lhe havia arrancado um chifre um ano antes de ela ter nascido e que por pouco não tinha impedido a sua existência. E ela gostava muito da sua risca pois assim ficava diferente de todas as outras cabras da quinta e só uma vez na Amareleja tinha visto outra muito parecida e tinha até perguntado à mãe se seria sua prima, mas a mãe fez de conta que não ouvia e foi, zangada, conversar com o pai. Ela, a vaquinha coradinha, e a sua amiga cabrinha, a da risquinha, gostavam muito de pastar juntas nos campos do ti Manel Carrapito enquanto este se entretinha a seguir um caracol na sua marcha acelerada pelo tronco de uma azinheira acima.

Mas a mãe era uma vaca velha e conhecia muito bem a fama do feroz e temível Touro Chifrudo que vivia por aquelas bandas, pois já se tinha cruzado com ele por algumas vezes e desejava cruzar-se mais, pelo que lhe recomendou muito bem recomendado que em circunstância alguma se aventurasse pelo prado encantado, que desse a volta, que passasse ao largo, que passasse longe, que se fosse preciso atravessasse mesmo os terrenos das vacas amarelas, que fosse rapidinho, que estivesse sempre atenta, que nunca baixasse as orelhas nem para enxotar uma mosca, que nunca levantasse o rabo para não ser vista, que fosse numa pata e viesse na outra, pois temia que o velho-mas-ainda-em-forma Touro Chifrudo fizesse um churrasquinho com ela se lhe deitasse o corno em cima.

E a vaquinha lá foi, lá foi, naquela manhã tão linda, tão linda, mas mesmo tão linda em que o céu era azul, mas tão azul que era mais azul que as meias do Pinto da Costa, as nuvens tão brancas, que pareciam ter sido lavadas com lixívia Neoblanc, a relva era tão verde, mais verde que as riscas da camisola do Sporting, as amoras que nasciam das silvas do caminho eram tão doces, mas tão doces, que eram mais doces que os lábios da Angelina Jolie e tão macias, tão macias, que eram mais macias que algumas partes da Cláudia Vieira que eu não sei bem como são porque nunca lá passei a mão, mas gostava de ter passado. Convidava mesmo a um passeio e, como a vaquinha gostava muito de passear e também gostava muito de ir visitar a avozinha, lá foi ela, toda contente, caminho fora, em cima das suas quatro patinhas.

Uma brisa muito suave vinda de cima, lá dos lados de Serpa ou então de Évora (que a vaquinha sabia muito pouco de geografia e a mãe não a deixava ir à escola porque ela não conseguia segurar bem no lápis e o professor gostava muito de mamar nas tetas), despenteava os cabelos de uns senhores que andavam de rabo pró ar a apanhar bolotas que metiam em grandes baldes e que já tinham três cheios e dois estavam quase meios, sendo que um tinha mais que o outro. Quatro pardais estavam reunidos num galho do chaparro mais alto e berravam o seu coro matinal, irritando os que ainda dormiam. Até que um corvo deu uma grande bicada num e o grupo desfez-se e acabou assim a chiadeira.

E a vaquinha estava tão contente, mas tão contente e tão feliz da vida por ir visitar a avozinha e por sair de casa que só não saiu trotando porque não sabia trotar, mas saiu cantando, mesmo sem saber cantar:

Pelo prado fora
Cá vou eu sozinha
Levar uns docinhos
À minha avozinha

E repetia sempre a mesma coisa porque não sabia o resto da música, e ela gostava assim porque tinha aprendido com a sua prima malhadinha que lhe tinha ensinado e ela também só sabia esta parte. E prestava muita atenção à magnífica estrada ladeada de silvas carregadas de amoras pretas e algumas vermelhas do lado direito e de um muro baixo, meio escangalhado e cheio de ervas, à esquerda e que se estendia à sua frente, mas que ela não via onde ia dar porque tinha uma curva a uns trinta passos. E ela gostava muito de prestar atenção, mais para não pisar nas bostas das outras vaquinhas do que para apreciar a beleza da paisagem. Ela não gostava nada de borrar as suas patinhas pois era muito asseadinha e depois tinha de as ir esfregar na grama e mesmo assim ficava sempre um cheiro que a incomodava pois era difícil limpar tudo muito bem no meio dos cascos e ela não conseguia esfregar com um pau porque não o conseguia segurar.

Mas de repente, em plena manhã de céu azul, mais azul que as meias do Pinto da Costa e de nuvens brancas lavadas com lixívia Neoblanc, parou, toda espantada! As pupilas dos seus grandes olhos, que o milhafre andava há umas semanas a cobiçar, dilataram-se tanto que ela até se sentiu meio zonza e teve de as cobrir com as grandes pálpebras e deixar entrar pouco sol pois estava a começar a ficar cega. Entreabriu as pestanas e, mesmo à sua frente, a um palmo do seu nariz, ou seja, a uma pata do seu focinho, nada mais nada menos que uma anisoptera com as suas asinhas transparentes a bater com muita força!

Acontece que a vaquinha gostava muito de libelinhas. Tinha adquirido uma enorme admiração por elas uma vez em que tinha ido com a sua amiga cabrinha beber água ao açude e tinha visto um helicóptero a carregar um grande balde de água que foi deitar em cima de uns carvalhos que estavam a arder. E depois viu junto à borda um pequenininho pousado numa folha e a sua amiga cabra é que lhe disse que aquilo não era um helicóptero, e que era uma libelinha, da subordem anisoptera e ela gostara muito deste nome. E ela ficou tão encantada que foi atrás da libelinha e foi andando, andando, para trás e para a frente, para um lado e para outro, sem se dar conta dos perigos que poderia correr. Até podia ter caído num poço se por acaso houvesse algum por aqueles lados, mas não caiu porque não havia nenhum.

E de repente, assim como o Durão Barroso saltou do governo e fugiu para a Europa, a libelinha sumiu. E foi então que a vaquinha olhou à volta e não sabia muito bem onde é que estava. Mas como havia algum nevoeiro por aqueles lados, ela deduziu que estava no prado encantado e ficou toda a tremer e aterrorizada, não fosse senhor Touro Chifrudo aparecer. Só não chorou porque não quis.
- Porra, pensou. Agora tenho de voltar para trás.
Ela não gostava nada de dizer palavrões porque ficava ainda mais coradinha, mas como só pensou, ninguém iria ouvir.

Andou um pouco às arrecuas, só três passadas, deu meia volta e voltou a correr para o caminho com silvas e amoras pretas e algumas vermelhas e o muro meio escangalhado. E quando saiu do nevoeiro e viu bem o céu azul, mais azul que as meias do Pinto da Costa, ficou toda contente e lá foi de novo, desafinando os mesmos versos lá de cima e prestando muita atenção, mais para não pisar nas bostas das outras vaquinhas do que para apreciar a beleza da paisagem.

Mas o Touro Chifrudo era um boi informado, pois até lia o Expresso aos sábados e costumava assinar o Clarim de Beja e sabia que a avó da vaquinha vermelhinha estava muito doente. E, deve ter sido pelo cheiro, sabia que a dona vaca tinha feito docinhos de grama. Deduziu logo que a dona vaca mandaria a vaquinha levar os docinhos à avó e como sabia que ela gostava muito de libelinhas ficou no alto à espreita a ver se ela aparecia atrás de alguma pelo prado encantado adentro, preparado para lhe deitar a pata em cima. Mas como a vaquinha se assustou e pensou “porra” e voltou para trás, o Touro Chifrudo teve de pensar numa outra forma de lhe armar uma cilada. E como a vaquinha iria ainda demorar muito a chegar à casa da avozinha, pois era alentejana, tinha tempo para pensar em alguma coisa e dirigiu-se para a casa da avozinha da vaquinha, que a dele tinha sido transformada em bifes quando ainda era nova.

Pôs-se a trotar, que ele era um boi-velho-mas-em-forma e sabia trotar muito bem e, em menos tempo que o Sócrates anuncia uma nova medida, tomou posse da cama da avozinha fingindo ser uma vaquinha muito velhinha e muito doente. Tentou disfarçar a crista à índio moicano despenteando-se todo, dando mais um ar de bruxa do filme do Robin dos Bosques, aquele em que entra o Morgan Freeman que nos outros não me lembro bem e o Touro Chifrudo gostava muito dele pois já o tinha visto no Se7en.

Ficou bastante tempo à espera. Já estava a ficar meio impaciente, mas lá se lembrou que a vaquinha era alentejana e pensou em fazer não sabe bem o quê porque de repente ouviu um toc toc toc na porta do casebre. Só podia ser a vaquinha, pois ela gostava muito de bater três vezes.

- Quém é? Perguntou o Touro Chifrudo tentando esganiçar a voz, mas esta saiu com um tom de bagaço.
- É a sua netinha, avozinha.
- Entra filhinha, digo, netinha.
Qrrréééééééé. A porta abriu-se. Qrrréééééééé. A porta fechou-se. Naquele tempo ainda não tinham inventado o óleo Galp Super Plus e o azeite era muito caro e não podia ser desperdiçado em dobradiças ferrugentas.
- Que voz grossa que tu tens, avó!
- Estou muito rouca, minha netinha! Andei a chupar muito ontem à noite!
- Andou a chupou o quê, avó? – Quis saber a vaquinha, pois era muito curiosa e não estava a ver nenhum frigorífico lá em casa e há mais de três semanas que não via passar a carrinha da Olá.
- Chupei geada, minha netinha, ora essa!
Finalmente, a vaquinha olhou bem para a avó e ficou meio espantada. Ou talvez até toda espantada.
- Ó avó, tu hoje tens uns olhos muito grandes!
- São para te enxergar melhor, minha netinha!
- E porque é que tens a língua tão grande? Deves estar mesmo muito doentinha!
- É para te lamber melhor, minha querida!
Os olhos do boi brilharam e o casebre ficou tão iluminado que a vaquinha reparou por fim...
- E esses chifres, avó, porque é que tens uns chifres tão grandes?
- Ah!... Isso tens de perguntar ao teu avô!
- Hã?!!!... Não sabia que tinha um avô!
- Ah, isso é uma grande história, ninguém precisa de saber...
- Mas... ó avó, o que é essa coisa que tens aí no meio das pernas?
- Isto é para te comer!
Dizendo isto, o Touro Mau atirou-se à indefesa e inocente vaquinha. E...

... e fazemos aqui um intervalo pois esta parte foi censurada...
... e, dizia o locutor, mais uma vez o Benfica saiu fortemente beneficiado pela actuação do trio de arbitragem. Um resultado escandaloso. Ganhou com um golo marcado com a mão e ainda por cima obtido em posição irregular...
.. Hã? Já acabou.... ok, continuemos...

E a vaquinha gostou tanto que só não mandou um email à mãe a dizer que ia dormir a casa de uma amiga e que só voltaria na manhã seguinte, porque não sabia o que era um email. Mas ficou na mesma e só voltou na manhã seguinte.

E, sob o mesmo céu azul, mais azul que as meias do Pinto da Costas, e das mesmas amoras, mais gostosas que os lábios da Angelina Jolie deitada sem camisa na relva macia do estádio de Alvalade, mas de outras nuvens brancas, embora estas também lavadas com lixívia Neoblanc, ela voltou para casa cantarolando e feliz:

Pelo pasto fora
Não volto sozinha
Pois dentro de mim
Tenho outra vaquinha

FIM

- E a avó?
- Vai bem, muito obrigado!